por Mark Nielsen (homepage)
Sobre o autor:
O Mark trabalha como um consultor independente doando o seu tempo a
causas como a GNUJobs.com, escrevendo artigos, escrevendo software
livre e, trabalhando como voluntário em eastmont.net.
Traduzido para Português por:
Bruno Sousa <bruno(at)linuxfocus.org>
Conteúdo:
|
Chrooting todos os serviços do Linux
Abstrato:
Os sistemas com serviços chrooted melhoram a segurança limitando o
estrago que alguém que entra dentro do sistema pode fazer.
Introdução
O que é que é o chroot? O Chroot basicamente redefine o universo de um
programa. Mais correctamente, redefine o directório "ROOT" ou "/" de
uma programa ou de uma sessão de login. Basicamente, tudo fora do
directório onde aplica o chroot não existe respeitante à shell ou a um
programa.
Porque é que isto é útil? Se alguém entrar dentro do seu computador,
eles não serão capazes de ver todos os ficheiros no seu sistema. Não
sendo capazes de ver os seus ficheiros são limitados os comandos que
podem introduzir e não lhes dá a possibilidade de explorar outros
ficheiros que estão inseguros. O único senão é que, creio eu, não os
impede de olhar para as ligações de rede e outras coisas do género.
Assim deve querer fazer mais algumas coisas que não aprofundizaremos
muito neste artigo:
- Securizar os seus portos de rede.
- Ter todos os serviços a correr sob uma conta não root.
Adicionalmente, ter todos os serviços chrooted.
- Rencaminhar os syslogs para outra máquina.
- Analisar os ficheiros de log
- Analisar as pessoas a tentar detectar portas aleatórias no seu
computador
- Limitar os recursos de cpu e memória de um serviço.
- Activar as cotas das contas.
A razão por que considero o chroot (com um serviço não-root) uma linha
defensiva é que se alguém "fura" numa conta não root e não existem
ficheiros os quais podem utilizar para entrar como root, assim os
estragos estão limitados à área em que conseguiram entrar. Também se a
área que eles furam pertence praticamente à conta root, eles têm menos
opções para o ataque consequentemente. Obviamente, que existe algo
errado se alguém consegue furar a sua conta, mas é bom limitar os
estragos que eles podem fazer.
Por favor lembre-se que o meu modo de fazer
as coisas provavelmente não é 100% correcto. Esta é a minha primeira
tentativa de fazer as coisas e se só funcionar parcialmente bem, deve
ser fácil terminar a configuração. Isto é somente uma mapa para um
HOWTO que eu desejo escrever acerca do chroot.
Como é que vamos aplicar o chroot a tudo ?
Bem, criamos um directório, "/chroot" e pomos lá todos os nossos
serviços no seguinte formato:
- O Syslogd será chrooted em cada serviço.
- O Apache estará em /chroot/httpd.
- O Ssh estará em /chroot/sshd.
- O PostgreSQL estará em /chroot/postmaster.
- O Sendmail será chrooted, mas não correrá sob uma conta não root,
infelizmente.
- O ntpd será chrooted para /chroot/ntpd
- O named será chrooted para /chroot/named
Cada serviço devia estar completamente isolado.
A minha script Perl para criar ambientes chrooted.
O ficheiro Config_Chroot.pl.txt
deve ser renomeado para Config_Chroot.pl após ter feito o seu download.
Esta script perl permite-lhe ver os serviços que tem instalados, ver os
ficheiros de configuração, configurar um serviço e iniciar e parar os
serviços. De um modo geral isto é o que deve fazer.
- Crie o directório chroot.
mkdir -p /chroot/Config/Backup
- Faça download de Config_Chroot.pl.txt
para /chroot/Config_Chroot.pl
- Altere a variável $Home na script de perl se não está a utilizar o
directório /chroot como directório de trabalho.
- Faça download dos meus ficheiros de configuração.
Agora, existe uma coisa importante: Só testei no RedHat 7.2 e no
RedHat 6.2.
Modifique a script em perl para a sua distribuição.
Quase que me encontrei a escrever um artigo gigantesco acerca do
Chroot mas a script em Perl reduziu-o bastante. Basicamente, notei que
após ter feito um chroot a muitos serviços que eles tinham ficheiros
muito semelhantes e configurações que precisavam de ser chrooted. A
maneira mais fácil de nos apercebermos quais os ficheiros que precisam
de ser copiados para um determinado serviço é olhar para as páginas
manual e também digitando "ldd /usr/bin/file" para os programas que
utilizam ficheiros de bibliotecas. Também pode fazer um chroot ao
serviço que está a instalar e iniciá-lo manualmente vendo os erros que
obtém nos seus ficheiros de log.
De um modo geral, para instalar um serviço faça isto:
cd /chroot
./Config_Chroot.pl config SERVICE
./Config_Chroot.pl install SERVICE
./Config_Chroot.pl start SERVICE
Aplicando o Chroot ao Ntpd
O Ntpd é somente um serviço de tempo que permite manter o seu
computador sincronizado com outros computadores em tempo real. É uma
coisa simples para fazer chroot.
cd /chroot
# Uncomment the next line if you don't use my config file.
#./Config_Chroot.pl config ntpd
./Config_Chroot.pl install ntpd
./Config_Chroot.pl start ntpd
Aplicando o Chroot ao DNS ou named
Já feito, verifique:
http://www.linuxdoc.org/HOWTO/Chroot-BIND8-HOWTO.html
ou
http://www.linuxdoc.org/HOWTO/Chroot-BIND-HOWTO.html
Ou, se quiser utilizar a minha script,
cd /chroot
# Uncomment the next line if you don't use my config file.
#./Config_Chroot.pl config named
./Config_Chroot.pl install named
./Config_Chroot.pl start named
Aplicando o chrooting aos serviços do Syslog e as minhas queixas.
Eu queria o demónio syslogd chrooted. O meu problema é que o syslogd
utiliza, por omissão dev/log, o qual não pode ser visto pelos serviços
chrooted. Assim, eu não posso obter logs facilmente. Eis aqui as
soluções possíveis:
- Aplicar o chroot ao syslogd por cada serviço. Eu testei este e fui
capaz de obter os logs. Mas não gosto deste visto que tenho uma conta
root a correr o serviço.
- Ver se podemos ligar a um site externo capaz de nos fornecer logs.
- Fazer somente log dos ficheiros para um ficheiro sem ser através
do syslogd. Esta é provavelmente a melhor opção de segurança, mas se
alguém entra podia brincar com os logs.
- Configurar o syslogd principal para procurar em várias localizações
por todos os serviços. Adiciona a opção -a ao syslogd para tal.
A minha única solução foi ter a certeza que o syslogd está chrooted por
cada serviço. Eu gostaria mais de uma solução do tipo que não
utilizasse uma conta root utilizando um ambiente chrooted, como por
exemplo através de uma porta de rede. Provavelmente, pode ser feito,
mas vou parar por aqui e tentar descobrir uma solução melhor.
Se não quiser separar o syslogd por cada serviço, então ao principal
syslogd a correr no seu sistema adicione o seguinte comando quando o
syslogd começa:
syslogd -a /chroot/SERVICE/dev/log
Se eu tivesse o ssh e o dns a correr, podia parecer-se com,
syslogd -a /chroot/ssh/dev/log -a /chroot/named/dev/log -a /dev/log
Última nota acerca do Syslogd, eu gostaria de poder corrê-lo sem ser
sob uma conta root. Tentei várias coisas simples, mas não trabalhou e
acabei por desistir. Se conseguisse correr o syslogd sob uma conta não
root então as minhas necessidades de segurança estariam preenchidas.
Possivelmente ter log externos é uma solução.
Aplicando o chrooting ao Apache
Este foi extremamente fácil de fazer. Depois de o ter configurado fui
capaz de executar as scripts em Perl. Agora o meu ficheiro de
configuração é um pouco grande pois tive de incluir as bibliotecas de
Perl e PostgreSQL na área de chroot. Note-se uma coisa, se está a ligar
a uma base de dados certifique-se que o serviço de base de dados está a
correr no dispositivo de loopback 127.0.01 e que especificou a máquina
127.0.0.1 na sua script de Perl para o módulo DBI. Eis aqui um exemplo
de como me ligo à base de dados utilizando ligações persistentes no
apache:
$dbh ||= DBI->connect('dbi:Pg:dbname=DATABASE',"","", {PrintError=>0});
if ($dbh ) {$dbh->{PrintError} = 1;}
else
{$dbh ||= DBI->connect('dbi:Pg:dbname=DATABASE;host=127.0.0.1',"","",
{PrintError=>1});}
Código:
http://httpd.apache.org/dist/httpd/
Compile e instale o apache no seu sistema principal em
/usr/local/apache. Depois utilize a script em perl.
cd /chroot
# Uncomment the next line if you don't use my config file.
# ./Config_Chroot.pl config httpd
./Config_Chroot.pl install httpd
./Config_Chroot.pl start httpd
Eu apliquei o chroot ao meu ficheiro httpd.conf para ter isto:
ExtendedStatus On
<Location /server-status>
SetHandler server-status
Order deny,allow
Deny from all
Allow from 127.0.0.1
</Location>
<Location /server-info>
SetHandler server-info
Order deny,allow
Deny from all
Allow from 127.0.0.1
</Location>
De seguida, aponte o seu browser para http://127.0.0.1/server-status ou
http://127.0.0.1/server-info e verifique-o!
Aplicando o chrooting ao Ssh
Antes de tudo, idealmente, devia aplicar o rencaminhamento do ssh do
porto 22 para o porto 2222. Depois inicia o ssh, tendo-o à escuta no
porto 2222 sob uma conta não-root. Para a ligação ssh, queremos ter
ligações seguras com passwords para permitir a entrada de pessoas, mas
para nada mais. Depois de fazer login ter um segundo programa ssh a
rodar no porto 127.0.0.1:2322 que os deixará ligar ao sistema real -- O
segundo programa ssh SÓ deve escutar no dispositivo de loopback. Agora
é isto que deveria fazer. Não o vamos fazer. A única coisa que vamos
fazer para este exemplo é aplicar o chroot. Os exercícios deixados ao
leitor incluem por o sshd a correr sob uma conta não-root e instalar um
segundo programa o qual escuta no dispositivo de loopback permitindo as
pessoas entrar no sistema real.
Novamente, só vamos aplicar o chroot ao ssh e deixar que você se
preocupe com as consequências de tal (não conseguirá ver todo o sistema
se fizer, simplesmente isto). Idealmente, seria agradável configurar
isto para gravar os logs externamente. Deveríamos, também utilizar o
OpenSSH, mas estou a utilizar o SSH comercial por simplicidade (o que
não é uma desculpa).
Código:
http://www.ssh.com/products/ssh/download.cfm
Instale o ssh em /usr/local/ssh_chroot. Depois utilize a script em
Perl.
cd /chroot
# Uncomment the next line if you don't use my config file.
# ./Config_Chroot.pl config sshd
./Config_Chroot.pl install sshd
./Config_Chroot.pl start sshd
Suponho que uma coisa realmente boa é pôr o ssh sob um ambiente
chrooted, é que se quiser utilizá-lo para substituir um servidor ftp,
as pessoas terão acesso limitado à sua área. O Rsync e o SCP
combinam-se para permitir que as pessoas façam transferência de
ficheiros. Eu, realmente, não gosto de pôr um servidor ftp a correr só
para as pessoas fazerem login. Imensos servidores ftp estão também
chrooted, mas continuam a transmitir as palavras passe em texto, o que
eu não gosto.
Aplicando o chroot ao PostgreSQL
Este foi praticamente simples como o perl, com a excepção de requerer
mais algumas bibliotecas. Mas no final, não foi difícil de fazer. Uma
coisa que tive de fazer foi pôr o PostgreSQL aberto para a rede, mas só
no dispositivo de loopback. Como estava chrooted outros serviços não
conseguiam chegar até ele, como o servidor apache de web. Eu compilei o
Perl dentro do PostgreSQL assim tive de adicionar muitas coisas do Perl
ao meu ficheiro de configuração.
Código:
ftp://ftp.us.postgresql.org/source/v7.1.3/postgresql-7.1.3.tar.gz
Compile e instale o seu postgreSQL no seu sistema principal em
/usr/local/postgres. Depois utilize a script em Perl.
cd /chroot
# Uncomment the next line if you don't use my config file.
# ./Config_Chroot.pl config postgres
./Config_Chroot.pl install postgres
./Config_Chroot.pl start postgres
Aplicando o chroot ao Sendmail
Avançe e execute a minha script.
cd /chroot
# Uncomment the next line if you don't use my config file.
# ./Config_Chroot.pl config sendmail
./Config_Chroot.pl install sendmail
./Config_Chroot.pl start sendmail
Agora é que são elas? Sim. Ainda continua a correr como root. Maldição.
Também alguns ficheiros são recriados pelo /etc/rc.d/init.d/sendmail
quando é iniciado e a minha script não está preparada para tal.
Qualquer vez que faça alterações ao sendmail em /etc/mail, copie, por
favor, ao alterações para /chroot/sendmail/etc também. Terá, também de
apontar o /var/spool/mail para /chroot/sendmail/var/spool/mail para que
o programa sendmail e os utilizadores (quando fazem login) possam ver
os mesmos ficheiros.
O lado bom é que pode enviar para fora o mail, é ao receber que o
problema está. Assim, fui capaz de instalar o sendmail com o apache sem
qualquer problema. Algumas das minhas scripts enviam mail para fora, e
assim preciso dos ficheiros do sendmail copiados para a área chroot
devido ao apache.
Outras coisas a aplicar o chroot.
Eis aqui a minha filosofia:
-
Tudo devia estar chrooted, incluindo o sendmail, o ssh, o apache, o
postgresql, o syslog, e qualquer serviço a correr no computador.
- Tudo devia ser posto sob uma conta não-root (pode ter necessidade
de rencaminhar os portos protegidos para portos não protegidos). Isto
inclui o sendmail e o syslog.
- Os Logs deviam ser enviados para um site externo.
- Uma partição devia ser configurada para cada serviço para limitar
o espaço de disco que um pirata pode utilizar se ele decidir escrever
ficheiros. Pode utilizar um dispositivo de loopback para montar os
ficheiros como sistemas de ficheiros para alguns destes serviços, se
esgotar as partições.
- O Root deve possuir todos os ficheiros que não se alteram.
O que diz respeito ao sendmail e ao syslogd, ainda continuo a pensar
que devia correr sob uma conta não-root. Para o sendmail, isto deve ser
possível, mas achei-o extremamente difícil. Ainda não tive sucesso em
pôr o sendmail a correr sob uma conta não-root e penso que é um erro
grave em não correr sob uma conta não-root. Sei que existem problemas
devido a isto, mas penso que todos podem ser resolvidos. Logo que se
trate da permissão dos ficheiros, não vejo por que razão o sendmail tem
de correr como root. Provavelmente, existe alguma razão que não percebo
mas não tenho dúvidas que não consigamos sobrepôr os obstáculos.
Para o syslog, nem sequer tentei, mas eu diria que os logs deviam ser
escritos sob uma conta não-root e não vejo por que razão tal não é
possível. Pelo menos consegui ter o syslog chrooted para cada serviço.
Todos os serviços deviam ser configurados para contas não-root. Mesmo o
NFS. Tudo.
Sugestões
- Utilizo dois logins para o ssh e tenho dois demónios sshd a correr.
- Descobrir como ter o sendmail ou outro programa de mail a correr
numa conta não-root.
- Retirar as bibliotecas desnecessárias na /lib. Eu copiei tudo para
me facilitar. Não precisa da maior parte delas.
- Faça logging remoto do syslogd e descubra como é que podemos
associar o syslogd a uma porta de rede e ter todos os serviços a
ligarem-se a esse porto através do dispositivo de loopback. Ver se
sonseguimos por o syslogd a correr com uma conta não-root.
Conclusão
Penso que o chroot é adequado para todos os serviços. Acredito que é
um grande erro não aplicar o chroot a todos os serviços que correm sob
contas não-root. Gostaria que as grandes distribuições o fizessem, ou
uma pequena: QUALQUER distribuição. A Mandrake começou através de
material da RedHat expandindo-o, assim, provavelmente alguém pegue no
Mandrake e expanda o seu chroot. Nada previne que outras pessoas
refaçam o trabalho de outras na GNU/Linux, por isso creio ser possível.
Se alguma companhia quisesse aplicar o chroot a tudo e criar um
ambiente sistemático para as pessoas administrarem os serviços
chrooted, teriam uma distribuição fantástica! Lembre-se que agora que o
Linux se está a expandir, as pessoas que não gostam da linha de
comandos, assim tudo será feito ao nível da gui, elas não precisam de
ver as entranhas e nem sequer precisam de saber o que se passa -- só
precisam de ser capazes de o configurar e saber como trabalha!
Eu suporto a 100% a ideia de todos os serviços serem chrooted com
contas não-root e que qualquer distribuição que não faça isto é menos
própria para mim para utilizar num ambiente de produção. Eu vou aplicar
o chroot a tudo, tanto quanto possível -- eventualmente chegarei lá.
Planeio criar os HOWTO acerca do chrooting. Estou a submeter um pedido
para alguém me ajudar a converter este artigo no formato LyX para que
possa ser posto nos HOWTOs do Linux.
Referências
-
Se este artigo for modificado, estará disponível aqui
http://www.gnujobs.com/Articles/23/chroot.html
Forma de respostas para este artigo
Todo artigo tem sua própria página de respostas. Nesta página você pode enviar um comentário ou ver os comentários de outros leitores:
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